WEBFLEX E SUA VIDA DIGITAL

Indio Brasileiro 

Os grandes campeões de bilheteria de todos os tempos foram os filmes de ficção científica. Sempre nos fascinou a idéia de chegar ao futuro viajando em carros voadores, vivendo em casas dotadas de tecnologias inimagináveis, projetando andróides ou descobrindo vida em outros planetas.  

Mas nem mesmo os mais fascinados futurólogos chegaram a imaginar que ingressaríamos no século XXI construindo uma estrada digital onde transporíamos distâncias em uma velocidade muito maior do que a do avião a jato e que em poucos anos transformaria tão radicalmente o modo como vivemos. 

Analistas deste novo milênio se apressaram em criar nomenclaturas para definir a evolução do universo digital. Web Rica, Web 2.0, Web 3.0 e outros termos vêm sendo cunhados para tentar traçar uma cronologia da história da sociedade WWW.  

E estas mudanças de uma era para outra têm sido definidas em períodos curtíssimos se comparados aos estabelecidos pelos historiadores quando traçaram a linha do tempo da Pré-História para Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna, Idade Contemporânea e, assim, até chegarmos ao que talvez nossos descendentes irão conhecer como a Idade Digital, cujo marco inicial provavelmente será lembrado pela invenção de Tim Berners-Lee.  

Mas será que nossos tataranetos estudarão esta evolução histórica meteórica levando em conta que no começo tudo era trevas, as conexões eram discadas, os modems tinham velocidades de carroças e o que se trafegava na rede eram apenas versões em bites do que antes eram – acreditem! – textos e fotos impressos em papel? Será mesmo que a criação da Internet será considerada tão revolucionária na história como foram a descoberta do fogo, a invenção da roda ou o primeiro vôo de Santos Dumont?  

Pode até ser, mas certamente a Web estará tão incorporada ao nosso cotidiano como hoje já são as tecnologias desenvolvidas na pré-Idade Digital. Se a Internet surgiu com uma BBS (0.0) e depois foi inicialmente vista apenas como uma nova mídia (1.0), em pouquíssimo tempo descobriu-se que proporcionava interatividade (2.0) e agora já se fala até em inteligência artificial (3.0), no futuro ninguém irá sequer distinguir a existência de dois mundos: um real e outro virtual.  

Ora, se no Second Life temos nosso avatar isso não quer dizer que vivemos ali apenas como meros personagens virtuais. Nossos princípios éticos e nossas formas de pensar, agir, negociar e se relacionar não mudam simplesmente porque estamos teoricamente protegidos atrás de uma tela de cristal líquido e tocamos nossas vidas com cliques no mouse.  

Quem arriscaria desacatar o chefe só porque está frente a frente com sua versão em bites? Ou amolecer em uma negociação com um cliente apenas por não o estar encarando olho no olho? Ou adotar um comportamento na vida pessoal fora da Web e outro quando conectado?  

No nascimento da Internet chegaram a definir dois períodos históricos: a velha e a nova economia, como se o consumidor utilizasse duas moedas ou duas contas correntes, uma para Internet e outra para a economia do mundo real. Bobagem. Tanto é assim que empresas e pessoas sabem que tão importante quanto cuidar da saúde fora da Web passou a ser vital cuidar da saúde digital, já que reputações e marcas podem ser destruídas pela viralidade de um meio democrático no qual cada um pode emitir sua opinião sobre o vizinho ou sobre empresas que passaram a odiar por conta de uma má relação pessoal ou experiência negativa de negócios. 

Certo mesmo é que a Web caminha para convergir em nossos processadores do PC, do celular ou do PDA tudo o que hoje está em átomos. Ou quase tudo até que o teletransporte, quem sabe, deixe de ser mais uma das ficções que fantasiamos nos desenhos dos Jetsons.  

Enquanto isso, o melhor é aproveitar, permita-me também criar minha própria terminologia, a Webflex e tudo o que ela já nos oferece; uma Web que nos possibilita simplesmente escolher o que queremos desfrutar para uma vida mais confortável e produtiva.  

Neste mundo Webflex de bites cada um pode criar seu super-herói com multifacetas, como no desenho dos Impossíveis, em que o Homem-Mola, o Homem-Fluido e o Multi-Homem assumiam diversas formas; seja se transformando em um avatar, em um personagem numa sala de chat, ou um perfil imaginário no Orkut. 

E nesta Webflex vivenciamos a convergência e a divergência. A convergência que leva o internauta a ser onipresente e o permite navegar pelo mundo sem sair do lugar. A divergência porque dá opção ao usuário de escolher onde quer ir e o que quer fazer, seja numa plataforma no PC, no celular ou na TV digital.  

Então aproveite seus superpoderes. Compre, negocie, faça novos amigos, namore, se informe, veja TV, ouça sua música predileta, pesquise, descubra. Assuma, sem pudores, sua vida digital, mas sem lembrar que você, caro leitor, será sempre você. Dentro ou fora da Webflex.